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Morte por relevância!


Por Craig Biehl |


Deus criou, ordena, sustenta e possui tudo. Separados de Deus, nada temos, nada podemos fazer e nada podemos saber. Ele determina nossa existência, propósito e destino, sem os quais todas as nossas buscas se reduzem ao absurdo sem sentido. Portanto, devemos a Deus todo amor, honra e obediência – com todo nosso coração, mente, alma e força, para sempre. Então, nada é mais relevante para todos os aspectos da vida do que Deus e o que Ele nos disse sobre Sua pessoa e obras nas Escrituras. E nada pode torná-Lo mais relevante.


Compreensão e aplicação


Pessoas diferentes querem dizer coisas diferentes quando falam em tornar Deus e as Escrituras relevantes. Algumas significam a boa e necessária tarefa de usar linguagem e ilustrações para tornar a verdade de Deus compreensível, uma coisa boa. Outros podem significar a tarefa bíblica apropriada de mostrar como os atos e atributos de Deus se aplicam à nossa vida diária, outra coisa boa. No entanto, para muitos, a ideia de tornar Deus e as Escrituras relevantes significa algo totalmente diferente, algo duvidoso e perigoso.


O caminho “fresco” da irrelevância


Para muitas pessoas, Deus e as Escrituras se tornam relevantes quando são reinterpretados para se conformar às crenças dominantes de nossa cultura. Para alguns, verdade e moralidade são relativas, enquanto as reflexões antigas e culturalmente condicionadas registradas nas Escrituras precisam de interpretações “novas” de acordo com o espírito da época. Como obra humana, então, as “reflexões” da Bíblia não são atemporais nem verdades absolutas.


As visões das Escrituras diferem ao longo de um continuum, da visão mais conservadora e ortodoxa de inerrância e inspiração divina até o ateísmo e as Escrituras como uma obra humana, com vários matizes intermediários. Alguns aceitam a maior parte do que as Escrituras ensinam, enquanto modificam as doutrinas que a cultura considera particularmente ofensivas. Em qualquer caso, para os incrédulos verem Deus e as Escrituras como relevantes, é necessário um novo coração ou um novo Deus e novas Escrituras. O último envolve aceitar as preferências, crenças e pressupostos de fé da cosmovisão incrédula, ao invés de desafiá-los e expô-los como injustificados e contrários à realidade. Ao falhar em apresentar a incredulidade como a rejeição da excelência e autoridade infinita divina, Deus e a Bíblia são moldados para se adequar a uma cosmovisão que nega o que Deus revelou sobre Si mesmo, Sua Palavra e Seu mundo. Assim, atenuamos a luz para se adequar aos que estão nas trevas, embora sua maior necessidade seja a luz. Enquanto mudar a mensagem de Deus para torná-la aceitável para a cultura contemporânea não apenas reflete desrespeito pela autoridade e vontade de Deus ao exaltar a nossa, mas abre um caminho rápido para a irrelevância quando as culturas mudam (e sempre mudam). E pior, garante irrelevância ao conformar Deus e as Escrituras aos pressupostos de fé subjacentes a toda descrença, em qualquer época ou cultura. A verdade transcendente e eterna não se torna nenhuma das duas coisas quando se persegue a última moda cultural ou manifestação popular de descrença.


A oportunidade do pós-modernismo


Os cristãos frequentemente lutam para alcançar uma geração “pós-moderna” que rejeita autoridade e absolutos, incluindo (e principalmente) a autoridade das Escrituras, onde a Bíblia contém uma coleção de histórias desprovidas de precisão histórica e especulações antigas desprovidas de verdades proposicionais. No entanto, não enfrentamos nada de novo ou único na rejeição da autoridade e da vontade de Deus – ela começou no Jardim do Éden e se alojou em cada coração desde então. O que parece único no pós-modernismo envolve uma disposição relativamente maior de rejeitar abertamente Deus e Sua verdade absoluta e princípios morais em uma cultura ocidental pós-cristã. Nesse sentido, o pós-modernismo representa uma exibição mais honesta de descrença, sem a fachada de respeito a Deus. Um livro chamado God Is Not Great não teria sido popular há 100 anos, embora a natureza essencial da descrença permaneça inalterada.


No entanto, apesar de sua hostilidade aberta a Cristo e ao Evangelho, a rejeição clara do Cristianismo oferece aos crentes uma oportunidade. Não apenas a excelência de Cristo e do Evangelho brilham mais intensamente contra um fundo escuro, as falsas pretensões de vida com significado e conhecimento das realidades eternas à parte de Deus e das Escrituras são mais facilmente expostas quando a incredulidade parece óbvia. Mas, desperdiçamos a oportunidade quando tentamos alcançar as pessoas, reduzindo ou negando a autoridade final de Deus e a natureza das Escrituras como uma verdade historicamente precisa e absoluta – turvamos as águas da vida e embotamos o esplendor de Cristo e do Evangelho. Aqueles que pretendem ajudar o Cristianismo por meio desse esquema de defesa pela rendição afirmam a legitimidade da descrença e negam a natureza de Deus e da realidade como Ele as criou e explicou.


O terrível custo da infidelidade


Infelizmente, aqueles que tentam tornar Deus e as Escrituras relevantes para uma cultura que rejeita a autoridade e a verdade absoluta de Deus podem se poupar de algumas zombarias de seus colegas, ou até mesmo ganhar um pouco de respeitabilidade nos corredores da academia descrente, mas também afirmam uma visão de mundo que torna a vida sem sentido e Deus ausente, impotente ou inexistente. E, independentemente do motivo, se diluirmos o remédio que salva almas para um mundo que Cristo sofreu com ira infinita para salvar, não ajudaremos ninguém. Melhor usarmos nossas habilidades dadas por Deus para proclamar e explicar a mensagem dada por Deus sobre a excelência de Deus, sem a qual nada temos, nada podemos fazer e nada sabemos. Proclamamos o Deus infinito que é supremamente relevante em qualquer época ou circunstância. A Ele devemos todo amor, honra e obediência – incluindo fidelidade à mensagem que Ele nos deu para entregar a um mundo de trevas que precisa desesperadamente de Cristo.

 

Craig recebeu seu diploma de cacharelado em economia pela University of California, Berkeley. MBA pela UCLA Anderson School of Managemente, Th.M, do Seminário Teológico de Dallas e Ph.D. Doutor em Teologia Sistemática pelo Seminário teológico de Westminster.

 

Texto original: Death By Relevance



Tradução Tiago Silva


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