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Homens Fiéis: O Equívoco do Termo “Seminário”

por Jeremiah J Davidson|



A palavra seminário vem do latino seminarium e seu significado original é sementeira ou canteiro de sementes. O uso do termo para se referir à formação clerical aparentemente começou na contra-reforma católica do século XVI. Durante o ressurgimento da Igreja Católica Romana na Inglaterra sob o comando de Maria Tudor, o arcebispo de Cantuária, Reginaldo Pole, tentou implementar sementeiras ou "seminários" a fim de preparar o clero inglês. Vários anos depois, essa mesma terminologia aparece na 23ª sessão do Concílio de Trento, em 1563. No capítulo 18 da sessão, são dadas instruções específicas para a criação de seminários para formação clerical.


Veja os seguintes trechos:

"Como a adolescência é normalmente inclinada a seguir os deleites mundanos caso não seja dirigida corretamente e não perseverando jamais na perfeita observância da disciplina eclesiástica sem um grandíssimo e essencialíssimo auxílio de Deus, a não ser que desde seus mais tenros anos e antes que os hábitos viciosos cheguem a dominar toda a pessoa, seja lhes dada criação conforme a piedade e religião. Estabelece o Santo Concílio que todas as catedrais metropolitanas e igrejas maiores que estas tenham a obrigação de manter e educar religiosamente e insistir na disciplina eclesiástica…Os que devem ser recebidos neste colégio tenham pelo menos doze anos e sejam de legítimo matrimônio, saibam ler e escrever, e dêem esperanças, por sua boa índole e inclinações, de que sempre continuarão servindo nos ministérios eclesiásticos.

…O Bispo destinará, quando parecer conveniente, parte destes jovens (pois todos estarão divididos em classes quantas forem oportunas segundo o número, idade e adiantamento na disciplina eclesiástica), a serviço das igrejas. Uma parte ficará nos colégios para que sejam instruídos, e outros deverão ser colocados nos lugares daqueles que partiram, de modo que o colégio seja um plantel [seminário] perene de ministros de Deus."


Dentro deste contexto, o termo seminário (sementeira) é apropriado para o que a Igreja Católica estava se esforçando a realizar. Boas sementes de jovens promissores são plantadas em um ambiente controlado e regadas com educação e disciplina eclesiástica na esperança de que cresçam como clérigos saudáveis para serem transplantados em paróquias carentes.

Eventualmente, o mesmo termo também seria aplicado às escolas protestantes para a educação ministerial, embora as escolas diferem em filosofia e missão. Hoje, o termo “seminário” é o nome mais comum para instituições de educação teológica e preparação ministerial em grande parte do Ocidente. Tão comum se tornou, que o significado agrícola é esquecido.

Seminários ou Sementeiras?

Curiosamente, embora uma sementeira dificilmente venha à mente ao usarmos a palavra, muitas vezes esperamos que os seminários sejam sementeiras. Isso, porém, pode ser prejudicial especialmente quando se considera a formação pastoral.

Que poderia tomar um jovem promissor e, através de um currículo perfeitamente elaborado, transformá-lo em um João Calvino, Richard Baxter ou Charles Spurgeon do século 21, tem um certo apelo às nossas noções românticas de educação. A Bíblia, no entanto, não suporta tal otimismo ilimitado.

O que a Bíblia diz sobre o "quem" da formação pastoral? Quem são os candidatos apropriados para o ministério pastoral?

As epístolas pastorais de Tito e Timóteo tratam mais diretamente esta questão. As qualificações para o presbítero (Tito 1; 1 Timóteo 3) falam de um caráter cristão maduro em harmonia com o Evangelho, bem como habilidades adequadas à tarefa de governar a igreja e conduzi-la na sã doutrina. Essas qualificações estão listadas para que Timóteo e Tito possam identificar homens que já possuem essas qualidades.

A segunda carta de Timóteo 2.2 resume a formação pastoral da seguinte forma:

“O que ouviste de mim, diante de muitas testemunhas, transmite a homens fiéis e aptos para também ensinarem a outros.” (AS21)

Os pastores de amanhã são os homens fiéis de hoje. Retornando ao mundo agrícola, os candidatos ao pastoreio são identificados como árvores saudáveis e frutíferas, e não apenas sementes a serem cultivadas.

A Bíblia fala de sementes. Mais notavelmente, Jesus contou a parábola do semeador (Marcos 4), onde a semente representa a Palavra de Deus. Os solos variados representam respostas diferentes à Palavra. Apenas uma porção relativamente pequena das sementes caem em solo bom e produzem uma colheita frutífera. Por analogia, uma boa sementeira (seminário) é um lugar onde a Palavra de Deus é bem recebida entre cor