Desbloqueie as riquezas das Escrituras.
Atualizado: 29 de mar. de 2022
Como descobri o significado da Bíblia.

Por John Piper
Sempre que lemos, queremos saber o que um autor pretendia que víssemos e experimentássemos. Essa convicção tem enormes implicações para o porquê e como lemos.
Primeiro, a leitura implica cortesia. Se você me escrevesse uma carta com instruções de como chegar à sua casa e eu me perdesse porque coloquei meus próprios significados criativos em suas palavras em vez de entrar na sua cabeça, seria desrespeitoso.
A cortesia diz: “Faça aos autores da maneira que você gostaria que os autores fizessem a você”. Se você colocar suas intenções em uma carta, um contrato ou um sermão, você esperaria que os outros tentassem extrair o que você colocou. Devemos fazer o mesmo com os autores quando lemos.
“Estamos lendo para aprender sobre a realidade fora de nós que ainda não conhecemos.”
Em segundo lugar, a leitura implica humildade. Quando lemos dessa forma, confessamos que não sabemos das coisas e que os outros provavelmente sabem. Então, queremos aprender através da leitura. Não estamos lendo apenas para ver um reflexo do que já sabemos. Estamos lendo para aprender sobre a realidade fora de nós que ainda não conhecemos.
É claro que existem outros objetivos na leitura além do aprendizado, como o prazer de uma boa história, um poema ou ensaio bem elaborado. Mas vamos ter que deixar isso pra lá por enquanto.
Terceiro, ler em busca das intenções de um autor implica a existência objetiva da realidade fora da minha própria mente. Não estamos lendo simplesmente para experiências subjetivas. Estamos lendo para descobrir mais sobre a realidade objetiva.
O autor é uma dessas realidades objetivas fora de mim. Ele existe e tem percepções sobre a realidade que eu não tenho. Quero ver o que ele viu, testar e, se for verdade, abraçar para que eu cresça em meu conhecimento da realidade e meu prazer de tudo o que é bom.
A intenção do autor ao escrever é outra realidade objetiva. Ele tinha uma intenção quando escreveu. Nada nunca vai mudar isso. Está lá como um evento passado e objetivo na história. Um autor pode mudar de ideia, mas não seu passado.
Posso ou não ser capaz de entender sua intenção (porque sou um leitor fraco, ou ele era um escritor fraco ou algum outro motivo). Mas acreditar que a intenção do autor está lá, e vale a pena encontrar, afeta profundamente a maneira como lemos.
Que tipo de perguntas eu faço?
Quando leio uma palavra, o que quero saber é o que o autor pretendia com ela? não simplesmente as ideias vêm à minha cabeça quando eu digo a palavra? Quando leio uma sentença, o que quero saber é o que o autor pretendia com ela? Não que novas ideias tenho quando a leio? Este é, de fato, o significado da palavra “significado” como eu a uso. O significado de uma frase, uma palavra ou um documento é o que o autor pretendia que entendêssemos por ele.
“Permaneceremos pigmeus em nossa compreensão se não nos humilharmos procurando pensar os pensamentos pretendidos de um autor.”
É bom aprender mais com a escrita de um autor do que ele pretendia e é bom ter prazer em tomar as palavras de um poema de forma diferente do que o autor pretendia. Mas permaneceremos pigmeus em nosso entendimento se não nos humilharmos procurando pensar os pensamentos pretendidos de um autor e experimentar as emoções que ele esperava que tivéssemos.
Assim, no que se segue, sempre que falo sobre o significado de uma palavra, frase, proposição ou documento, quero dizer o que o autor pretendia que entendêssemos, não as ideias que temos durante a leitura.