De vez em quando, troco algumas ideias com minha esposa sobre o nosso ministério, principalmente quando sou abordado por uma ovelha que, além de despejar aqueles elogios que todo pastor gosta, ressalta a nossa importância em sua vida e em sua família.
Logo vem o pensamento: será que sou tudo isso, será que as pessoas veem em mim alguém especial?
Isso me leva a pensar, ainda mais seriamente, sobre a responsabilidade do ministério pastoral, a importância do chamado e o quanto preciso ser acessível e sensível às necessidades das ovelhas.
Quando ouço, depois de um tempo, de como Deus me usou em uma visita e dos conselhos que mudaram a vida de uma família, a “ficha cai” e passo a avaliar meu dia-a-dia com as ovelhas, e chego à seguinte conclusão: Aquele problema da ovelha que para mim era tão simples, para ela era algo muito complexo.
Ovelhas são naturalmente inseguras, frágeis e submissas.
Até mesmo uma folha de papel voando pode assustá-las.
Uma tempestade leva-as ao pânico.
Um incêndio, por exemplo, pode destruir um rebanho inteiro porque elas ficam aterrorizadas demais para fugir.
Por serem inseguras e teimosas, as ovelhas sempre escapam do rebanho, colocando em risco suas próprias vidas, pois sozinhas, longe do pastor e do grupo, elas ficam vulneráveis aos lobos.
É por isso que minha sensibilidade precisa alcançar e compreender a tristeza e o medo de uma ovelha.
Triste é saber que uma ovelha que estava sendo atacada pelos lobos, “esqueceu” que tinha pastor e procurou outra ovelha para ajudá-la, e as duas acabaram feridas.
Andando, juntamente com um pastor pela cidade de El Cristo em Cuba, fui convidado por ele para visitar uma família. Disse-me ele:
Ali mora uma família pastoral, e continuou: O patriarca da família, que foi um grande pastor, já morreu mas deixou um legado que me encanta. A família me recebe sempre com amor e altíssima consideração.
Entramos na casa e logo pude ver naqueles rostos a alegria e a satisfação em nos receber. Quando a filha mais velha soube que eu era um pastor do Brasil, acentuou-se ainda mais a beleza da recepção.
Logo alguém sugeriu que fosse feito um cafezinho cubano. Prontamente, a filha mais velha disse:
- Durante todo tempo em minha casa, eu sou uma Marta. Agora que tenho dois pastores em minha casa eu sou Maria e não abro mão de beber das experiências e conselhos desses dois homens de Deus, principalmente do pastor brasileiro. Agora não é hora de fazer nada e sim de curtir a presença deles (Lucas 10: 38-41). O cafezinho realmente não saiu, mas foi uma das mais abençoadas e ricas visitas que fiz naquele país.
Nós, pastores, somos importantes para as nossas ovelhas, pois elas nos veem como homens chamados, separados por Deus para cuidá-las. É preciso que nos conscientizemos que foi o Espírito Santo que nos colocou onde estamos. Foi Deus quem escolheu o rebanho para que cuidássemos. A importância não está em nós, mas na escolha e capacitação de Deus. “Atendei por vós e por todo sobre qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.” Atos 20.28.
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