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8 razões para pregar o Evangelho de Marcos

por Abmael Araújo Filho|


Quando pensamos neste breve livro, somos impactados pela maneira com que Marcos apresenta Jesus, mostra suas obras e deixa claro seus ensinos. É considerado ao longo da história do Cristianismo um excelente manual de evangelismo, mostrando como uma pessoa pode se achegar a Jesus, e de discipulado, explicando como seguir a Jesus.


Neste artigo, desejamos encorajar a exposição sequencial do Evangelho de Marcos apresentando os benefícios práticos para a igreja local e a vida de seus membros.


1. Queremos fundamentar a nossa vida pelo Evangelho.


Marcos, já no título do seu livro (Mc 1.1), apresenta o que é o Evangelho. Ele apresentará as boas notícias que precisam ser dadas à humanidade por causa de Jesus. Marcos mostra no seu versículo principal (10:45) que “Jesus veio para dar a sua vida em resgate de muitos". O evangelista deixa muito claro que o problema do pecado da humanidade está no coração (7.21-23). Apresenta Jesus como aquele que tem poder de perdoar pecado (2.8-11). Como Lutero disse na sua Tese 62: "O verdadeiro Tesouro da Igreja é o santíssimo evangelho da glória e da graça de Deus." A vida cristã é possível por tudo que Cristo fez por nós em sua vida. Sua redenção provê a nós a capacidade para obedecer. Ele é poderoso sobre tudo, e é poderoso para nos redimir e nos ajudar a seguir em seus passos. Neste Evangelho, as respostas esperadas de seus leitores são: se arrepender (1.15; 6.12); e crer (1.15; 5.36; 9.23-24; 15.32; 16.16). Por fim, ele apresenta a nossa missão de espalhar o Evangelho a toda criatura (16.15). O evangelho cria uma Igreja saudável.


2. Queremos pregar para exaltar a Cristo.


Marcos apresenta declarações cristológicas que exaltam a pessoa de Cristo. O título de Marcos apresenta duas descrições sobre Jesus: Cristo e Filho de Deus. Essas duas descrições são reforçadas naquilo que chamamos os clímaces do livro (8.29 e 15.39). O Pai diz que Jesus é seu filho amado no batismo e na transfiguração. Essa é uma referência a Isaías 42.1. Os demônios, apesar de serem repreendidos por Jesus, reconhecem prontamente o caráter digno de Jesus (1.24; 3.11). Ele é Senhor do sábado, por isso pode fazer o bem neste dia (2.28). Jesus tem a capacidade divina de perdoar pecados (2.10). Ele vive (16.6,9,12,14,19). E Ele voltará com poder e grande glória (8.38; 13.26; 14.62).


3. Queremos olhar para a vida de Cristo para seguir os seus passos como a nossa maior meta de vida (Rm 8.29; Gl 4.29; 1Pe 2.21).


Esta exposição deseja colocar diante dos irmãos que queremos agir como Cristo agiria, queremos ter as mesmas atitudes de Jesus. Um livro de poucos discursos de Jesus, apenas dois (Mc 4.1-34; 13.3-37). Mas o Evangelho responde a duas perguntas principais: 1) quem é Jesus? E com essa pergunta aprendemos como Jesus se via, como ele agia e como reagia, inspirando-nos com o seu exemplo para moldar as nossas práticas; e 2) o que Jesus veio fazer? Dos 35 milagres de Jesus, Marcos descreve 18 deles. Vemos nas obras de Jesus, o servo poderoso e não procrastinador (o uso de euthus, que significa imediatamente, em 41 vezes), que ele sempre esteve comprometido com sua missão (10.45). Somos encorajados a imitar Jesus e a seguir suas obras.


4. Queremos motivar com esperança na transformação de vida.


Os responsáveis por este livro são duas pessoas que falharam. Pedro tinha Marcos como um filho (1Pe 5.13). Segundo a história da Igreja, Marcos escreveu este livro por influência de Pedro. Pais da Igreja como: Justino, o Mártir dizia que Marcos era ‘a memória’ de Pedro. Irineu disse que a autoridade para incluir o Evangelho de Marcos no Cânon vinha de Pedro. Papias nos informa que Marcos foi o intérprete de Pedro. Pedro negou a Jesus. Marcos não aguentou o ritmo de Paulo e a pressão do ministério. Ambos foram restaurados. Pedro foi buscado pessoalmente por Jesus (16.7). E tornou-se um gigante do Evangelho. E Marcos, o jovem João Marcos, fora restaurado pela influência de seu tio Barnabé (At 15.36-39). E o próprio Paulo reconheceria essa transformação considerando Marcos útil (2Tm 4.11).


5. Queremos desafiar à perseverança.


Os leitores deste evangelho são os romanos. Veja a menção de líderes da igreja de Roma (15.21; Rm 16.13). Pedro trabalhou em Roma, foi o pastor daquela igreja. Podemos ver isso por algumas explicações sobre rituais (7.1-3), termos aramaicos (3.17) e da geografia da região (13.3), o uso de expressões latinas (4.21), a declaração do Centurião, chefe sobre 100 soldados (15.39). Podemos ver claramente a oposição a Jesus. Os políticos, os religiosos, os demônios, o povo e os próprios discípulos se opõem a Jesus. De 2.13--8.26 e, depois, de 11.1--15.41, são as principais seções de oposição, sendo que a segunda é a última semana de Jesus. Ele está em Jerusalém para ser crucificado. Jesus tinha plena consciência de que teria que sofrer e morrer (8.31; 9.31; 10.34). Desde os primeiro leitores e, ao longo do Cristianismo, até chegar a nós, somos encorajados a perseverar porque Jesus suportou tamanha oposição (8.38; 10.30; 13.11; cf.: Hb 12.3). O Evangelho de Marcos é um chamado à perseverança. Ao pregarmos, encorajamos a Igreja nesta sociedade "líquida" a se tornar bem sólida.


6. Queremos corrigir o nosso conceito de poder.


Jesus é apresentado por Marcos com dois títulos que indicam autoridade e poder, o seu senhorio. E o seu senhorio causa perplexidade, e a pergunta que se ouve é "quem é este?" (4.41). O primeiro título é Filho de Deus (1.1; 15.39). Esta filiação divina é um conceito que afirma a divindade de quem assim era chamado . O segundo é Filho do Homem: o título mais usado por Marcos destaca a profecia de Daniel 7.13-14, reafirmando a autoridade messiânica de Jesus. Ambos termos destacam o senhorio de Jesus. Por isso, ele pode impor sobre nós os seus conceitos e seus caminhos. Por outro lado, a autoridade de Jesus se baseia na sua coerência de vida (1.22,27). Pois "a palavra ensina, mas o exemplo arrasta". A principal lição que une os dois conceitos e que corrige nossa visão de poder: primeiro em Mc 9.33-35, onde quem quer ser grande deve ser servo; e segundo em Mc 10.35-45, que ensina que a maior autoridade tem quem serve.


7. Queremos focar na vida de discípulo.


Não basta apenas sermos convertidos e irmos para o céu. O livro de Marcos enfatiza o seguir a Jesus (Mc 1.16-18 - 8.34; 10.21,28,32,52). A exposição de Marcos coloca diante dos discípulos de Cristo o compromisso com o seu Mestre. Em Mc 3.13-14, nós recebemos uma boa definição do discipulado, pois Jesus escolhe os doze para conviverem com ele e serem enviados a pregar. Jesus estabelece que o discipulado, diferente da salvação que é de graça, tem um custo alto: negar-se, tomar a rruz e segui-lo (8.34-38). O cumprimento da missão estabelecida por Cristo é acompanhada por perseguição (1.17;5.19-20; 16.7). O nosso bendito Senhor é um exemplo de renúncia para nós.


8. Queremos estimular ao serviço sacrificial.


Jesus é, em Marcos, o servo. Poderoso, sim! Sofredor, sim! Mas um servo ativo. O livro pode ser esboçado a partir de 10.45. Nos capítulos 1-10, Jesus veio para servir e nos capítulos 11-16 Jesus dá a sua vida pela humanidade. Esta exposição deseja colocar diante dos irmãos um fato: que na vida cristã não existem espectadores. Todos somos servos e trabalhadores. Pedro questiona Jesus:: “o que receberemos aqueles que deixaram tudo para seguir o Senhor?”. A resposta é uma maravilhosa recompensa que começa nesta vida e invade a próxima (10.28-31). Como disse Charles T. Studd: "Se Jesus Cristo é Deus e morreu por mim, então nenhum sacrifício que eu fizer será grande demais para Ele".

Sugerimos aqui uma ideia que consiga abranger todo o livro e que tem um viés mais homilético:


Grande ideia do livro de Marcos: Os discípulos de Cristo devem seguir os seus passos, servindo com dedicação sacrificial o seu Salvador.


Sempre quando decidimos expor um livro da Bíblia temos que avaliar o momento da Igreja. Aquele livro pode encorajar, exortar e desafiar a comunidade a seguir os passos da Bíblia e cumprir o seu papel na sociedade. Expor o livro de Marcos serve, de maneira muito prática e sólida, para estimularmos os membros de nossa Igreja "ao amor e às boas obras" (Hb 10.24).


Abmael Araújo Filho


Pr. Abmael é casado com Fabiana, desde 1998, com quem têm dois filhos. Formado pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida, integra a equipe PIBA, desde 1995.

A visão da Igreja é investir em jovens que saem do seminário, a fim de orientá-los na prática do ministério. Isso aconteceu com o Pr. Abmael e Fabiana. Atualmente, Abmael é o pastor responsável pelo Conselho Doutrinário e pela Educação Cristã da PIBA.

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