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Uma história de dois administradores. Lições para pastores em Isaías 22.15-25

Atualizado: 17 de jul. de 2019

por Jeremiah J. Davidson |


Encaixado discretamente na primeira metade de Isaías temos um pequeno relato sobre dois administradores da casa real de Judá durante o reinado de Ezequias (2 Rs 18.37). Sebna e Hilquias têm muito a nos ensinar sobre liderança cristã e o pastoreio.


Antes de olharmos para os indivíduos, consideremos as responsabilidades do administrador. Os termos usados aqui em hebraico falam de alguém “útil” (הַסֹּקֵן), um servo (עֶבֶד) e o outro termo diz literalmente que ele está “sobre a casa” (עַל־הַבָּֽיִת). É um cargo de confiança, para administrar todos os afazeres de uma casa e, neste caso específico, o palácio real de Judá. Podemos imaginá-lo como um chefe de gabinete num governo dos nossos dias. É provável que muitos assuntos do palácio fossem resolvidos por ele antes mesmo de chegada do rei. É uma posição de grande confiança e poder, mas na sua essência é um servo. O Novo Testamento se apropria desta mesma linguagem para falar sobre crentes e principalmente pastores e presbíteros na igreja (a palavra grega oikonomos trata de um servo encarregado dos afazeres de uma casa).


O primeiro administrador que encontramos é Sebna.


Em Isaías 22.15-16, observamos algumas caraterísticas dele:


· Sebna não é um membro da família real. Ele é alguém de fora, talvez um estrangeiro ou gentio.

· Ele não é da realeza, mas está se esforçando para ser lembrado entre os reis após sua morte. Ele procura preparar para si mesmo um legado e um monumento para ser lembrado como alguém importante (2 Cr 16.14). Interessantemente um túmulo foi descoberto fora de Jerusalém com inscrição, “Túmulo do Mordomo/Administrador Real.” Pode ter sido feito por Sebna.

· Aparentemente, temos em Sebna um homem ambicioso, que usa a sua posição para a sua própria auto-promoção. Certamente, é um homem persuasivo e politicamente habilidoso para penetrar os mais altos escalões do reino.


Certamente a liderança cristã não é isenta de pessoas que têm a perspectiva de Sebna. Muitos podem encarar o ministério pastoral como uma forma de deixar um nome para a história. O pastor pode olhar para uma igreja e dizer: “aqui está o meu legado.” Outros podem procurar cavar sepulturas no alto através da escrita de livros ou grandes feitos ministeriais. Muitos desses com habilidade dizem estar servindo ao Rei dos Reis, mas suas vidas representam um projeto de construção do seu próprio nome e fama.


Isaías 22.17-19 traz uma mensagem para esse administrador. Aqui se destacam outros elementos negativos do seu caráter:


· Desfruta de “carros magníficos”, aproveitando dos privilégios da sua posição para andar como um rei.

· É uma vergonha para o seu senhor. Ele traz honra para si, mas vergonha para o rei ao qual deveria estar servindo.


A mensagem profética para Sebna é que será demitido da sua posição (provavelmente rebaixado pois lemos em 2 Rs 18 e Is 36.3 sobre Sebna sendo um escrivão/secretário debaixo do administrador Eliaquim). A sua morte não resultará num repouso glorioso nos túmulos ornamentados entre os reis, mas sim num campo aberto cercado pelos destroços dos carros que ele tanto se apegava.


O princípio se aplica aos que estão no ministério pastoral: Quem serve ao Rei para servir a si mesmo traz vergonha para o Rei e coloca a sua esperança em vaidades que logo passarão. Até os monumentos edificados para perpetuar a fama, caem rapidamente no esquecimento.


Isaías 22.20-24 nos conta sobre Eliaquim, que seria um administrador diferente de Sebna: