Segue o XVIII artigo da Declaração de fé de 2000, da Convenção Batista do Sul dos EUA, bem como o comentário explicativo do mesmo efetuado por William Cutrer. Nesta Declaração, a Convenção Batista do Sul esclarece seu entendimento bíblico a respeito da família.

BAPTIST FAITH & MESSAGE ARTIGO XVIII
por William Cutrer
Deus instituiu a família como a instituição fundamental da sociedade humana. Ela é composta de pessoas relacionadas umas às outras através do casamento, do sangue, ou da adoção.
O casamento é a união de um homem e uma mulher num compromisso de pacto para a vida toda. É dádiva única de Deus revelar a união entre Cristo e Sua igreja e para conceder ao homem e à mulher, no casamento, a estrutura para o companheirismo íntimo, o canal de expressão sexual de acordo com o padrão bíblico, e os meios para a procriação da raça humana.
O marido e a mulher são de igual valor diante de Deus, já que ambos são criados à imagem de Deus. O relacionamento do casamento modela a maneira como Deus se relaciona com Seu povo. O marido deve amar sua esposa como Cristo amou a igreja. Ele tem a responsabilidade dada por Deus de prover, proteger e guiar sua família. A esposa deve se submeter graciosamente à liderança de seu marido assim como a igreja deliberadamente se submete à liderança de Cristo. Ela, sendo imagem de Deus assim como seu marido e, portanto, igual a ele, tem a responsabilidade dada por Deus de respeitar seu marido e servir como ajudadora administrando o lar e cuidando da próxima geração.
Os filhos, desde o momento da concepção, são bênção e herança do Senhor. Os pais devem demonstrar aos filhos o padrão de Deus para o casamento. Os pais devem ensinar aos seus filhos os valores espirituais e morais e levá-los, através de um exemplo de estilo de vida consistente e disciplina com amor, a fazer escolhas baseadas nas verdades bíblicas. As crianças devem honrar e obedecer a seus pais. [1]
A Bíblia está repleta de imagens da família, como evidenciado nos muitos versos citados pelo 18º artigo da Baptist Faith and Message [2] [3]. De fato, somos “irmãos e irmãs” em Cristo, adotados como filhos por nosso Pai celestial. A importância do relacionamento matrimonial se desdobra simbolicamente no Antigo Testamento com Deus como marido e Israel como esposa. No Novo Testamento com Jesus como noivo e a Igreja como a noiva radiante. Claramente, casamento e família são nitidamente teológicos.
Um lar saudável tem profundas dimensões espirituais e, assim, a Bíblia nos instrui a respeito da família. Como crentes devemos olhar primeiro para Jesus Cristo, nosso noivo, para engajar e entender o projeto divino para o casamento. A perspectiva de Deus coloca sempre maior ênfase no caráter e na motivação do que na conduta externa. Assim, como Jesus se demonstrou como gentil e humilde de coração, sempre agindo de modo agradável ao Pai, a família provê o altar da transformação onde aprendemos a amar e viver como Jesus.
Deus se revela como um ser relacional e somos criados à sua imagem para relacionamentos duradouros e íntimos – primeiro, com o próprio Deus e depois com os outros. Nosso amor e compreensão de Deus encontram expressão em nosso amor pelas pessoas, sendo nossos relacionamentos familiares os mais profundos e preciosos.
O ideal de Deus para o lar – um relacionamento íntimo que traz profunda satisfação da alma, tanto do marido quanto da esposa, exemplifica a graça e fé para os filhos e proclama a um mundo perdido e solitário o tipo de amor que Deus tem pelo seu povo. Essa intimidade se estende de um fundamento espiritual à uma esfera relacional e culmina na expressão física dentro dos limites do casamento.
Lares cristãos atraem pessoas à Cristo, tanto os filhos que Deus pode trazer para a família quanto os que estão fora da igreja, que testemunham um amor comprometido, sacrificial, abnegado e dependente a cada momento de Jesus como Senhor.
As Escrituras dão imperativos únicos – direcionados à marido, esposa e aos filhos, que destacam a encarnação da submissão. O marido piedoso nutrirá e acariciará sua esposa, amando-a “como Cristo amou a igreja e se entregou por ela”. O marido espiritual é um servo submisso de Cristo, humilde, gentil, colocando fielmente o bem-estar e as necessidades de sua esposa acima das suas. A esposa piedosa respeitará e honrará seu próprio marido, submetendo-se a ele “como ao Senhor”. Seu caráter e conduta podem até mesmo atrair um marido incrédulo a fé.
Para cada um, o Senhor Jesus é a motivação e objeto de uma vida obediente. Cada um deles recria a exata imagem do amor de Cristo por seu povo quando deu sua vida por sua amada. Tanto marido quanto esposa, igualmente diante do Senhor, fixam seus olhos primeiro sobre ele e depois uns sobre os outros. A obediência para o cristão não é opcional, seletiva e nem condicionada à resposta ou comportamento do cônjuge.
Se Deus abençoar tal lar com filhos, eles testemunharão a submissão diária e o amor piedoso quando forem encarregados de obedecer a seus pais “no Senhor”. Jesus, o noivo perfeito e foco central de cada mandamento, irradia seu amor para a família e através de cada familiar para o mundo.
A família de Deus atua em oposição direta à nossa cultura e à nossa inclinação natural ao egocentrismo, auto absorção, autogratificação e requer a capacitação sobrenatural do Espírito Santo. A teologia da família é caracterizada por cada membro superando o outro no serviço, no sacrifício e na submissão ao Senhor, refletindo gratidão pela fidelidade e amor íntimo de Deus para conosco.

William R. Cutrer foi um médico cristão, especialista em ginecologia, obstetrícia, reprodução e sexualidade humana. Ele serviu como professor de ministério cristão da cátedra C. Edwin Gheens no Southern Baptist Theological Seminary em Louisville, Kentucky. Serviu também junto ao corpo docente do Institute for Sexual Wholeness, fez parte do corpo clínico do Southern Baptist Theological Seminary e diretor médico clínico da A Woman’s Choice, militando pela causa pró-vida. Ele também possuía mestrado em estudos bíblicos pelo Dallas Theological Seminary. Cutrer faleceu em 2013.
Notas:
[1] Baptist Faith and Message - Artigo XVIII
[2] Baptist Faith and Message
[3] Comentário do comitê de estudo quanto ao 18º artigo da Baptist Faith & Message.
Texto original: The 2000 Baptist Message & Faith
Tradutor: Tiago Silva
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